top of page
Buscar
  • Foto do escritorraianecfferreira

FORA DE SÉRIE | UMA PEQUENA SAGA FEMININA E JUVENIL


A juventude é uma fase da vida de inúmeros desafios: a escolha da profissão, a saída de casa, e a tomada de uma série de responsabilidades são algumas questões que circulam o universo nesse instante de nossa vidas. E não é à toa que existam inúmeros filmes que abordem essa linha narrativa. Quem nunca assistiu algum filme de aventura juvenil em que os personagens perdem o controle e vão sendo conduzidos pelos acontecimentos da trama? Mais comuns em filmes desta linha, os homens geralmente tornam-se centrais na estórias que essas obras abordam. Porém, neste vídeo, iremos falar um pouco da obra ‘Fora de série’, filme de farra adolescente protagonizado por duas garotas.


Fora de série é o primeiro longa dirigido por Olivia Wilde e foi roteirizado por quatro mulheres, Emily Halpern, Sarah Haskins, Susanna Fogel e Katie Silberman. Nele, acompanhamos duas garotas, Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein). Apesar de se esforçarem para concluir o ensino médio, não conseguem aproveitar tudo aquilo que a escola proporciona. Ao perceberem isso, decidem compensar o tempo perdido, e acabam vivendo em uma só noite as aventuras de quatro anos de diversão.


A forma como as roteiristas constroem as protagonistas e as relações entre os jovens assume uma maneira muito específica de lidar com a representação da juventude. O preconceito não se enquadra nesta obra, uma vez que Molly e Emmy são amigas e estão para além dos estereótipos que se podem impor a elas. Uma está acima do peso e a outra é lesbica e isso não é uma questão para as duas. Em nenhum momento sua amizade é prejudicada, e ao contrário disso, ela é fortalecida por causa das barreiras que precisam ultrapassar, tanto as sociais quanto as individuais.


Molly é uma garota inteligente e confiante que se dedicou demasiadamente aos estudos, negligenciando por isso mesmo, as relações sociais. Apesar de muitos colegas a enxergarem de forma estereotipada, ela também fazia o mesmo, tendo visões erradas dos outros alunos, achando que poucos iriam ser aprovados em universidades prestigiadas. Percebendo sua condição de não ter aproveitado mais o ensino médio, ela parte em uma aventura junto de sua amiga, onde juntas, decidem ir a uma festa.


Mas não é só este arrependimento que a motiva, a garota também parece sentir medo pelas mudanças que estão chegando. É muito interessante notarmos como Olivia Wilde decide escrever a sua personagem a partir das coisas que ela pode vir a aprender no meio do caminho, ao longo de algumas poucas horas. É como se, literalmente, o tempo da duração do filme se tornasse o único período cronológico que ela dispunha para avançar “uma casa mais no seu amadurecimento”.


Emmy, diferente da amiga, é uma jovem lésbica bastante tímida, com muitas inseguranças. E é através das desventuras vividas em uma noite que ela descobre um pouco mais sobre si mesma e acaba desconstruindo ideias erradas sobre os outros, pois, a grande verdade é que ninguém as conheciam de fato, nem elas conheciam os colegas.


Por mais que seja sua primeira experiência dirigindo um longa-metragem, Wilde consegue de forma assertiva contar uma história cativante. O que a diretora faz é trazer essa perspectiva feminina e contemporânea sobre o mundo jovem abordando questões como sexualidade, família, preconceito, amizade e transformação, mesmo que de forma bem direta e objetiva, já que a direção opta por dar ênfase aos eventos de um breve período de tempo na vida dessas jovens mulheres.


Ainda que o filme não trace um enfoque em questões abertamente de crítica social, ele direciona um olhar relativamente crítico sobre a lógica dos aprendizados que a juventude pode proporcionar. Essas vivências são investigadas principalmente por meio da dinâmica dos encontros e das lições que as personagens tomam para si na desconstrução daquilo o que elas próprias tinham como um olhar enraizado para determinadas questões.


Aliada a essa objetividade no trato da dramaturgia, a obra é rica em personagens cativantes. A começar pelas protagonistas que são bastante carismáticas em suas singularidades. Suas qualidade e falhas são potencializadas dando a elas personalidades multifacetadas que dizem muito, seja na forma de se vestirem, de falarem ou de se comportarem. São autênticas jovens garotas que ainda precisam aprender muito sobre o mundo em todos os seus aspectos, mas que levam na sua gênese esse traço personalístico diante da vida.


Em geral, Fora de série é um filme sobre amadurecimento. Ele nos leva a refletir sobre que tipo de relações são construídas pelos jovens na contemporaneidade muito a partir de um jogo cênico onde as problemáticas dos eventos fílmicos são organizadas de modo muito natural, gerando uma boa relação com o público. é por isso que podemos ter certeza que quem assistir ao filme vai ser cativado por esta incrível “pequena saga” adolescente.



Diretora: Olivia Wilde | Ano: 2019 | País: EUA

1 visualização0 comentário
bottom of page