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“Inspire, Expire”. A união feminina na realidade da falta.


É de fato curioso o poder que o cinema tem de cativar e fazer refletir. As histórias permeiam o universo humano e de fato nos faz acreditar que as personagens fazem parte do mundo real. E quando nos deparamos com protagonistas mulheres, imaginamos o que ela terá de enfrentar pela frente. Com isso, para retratar esta questão, temos o filme “Inspire, Expire” (2018), produzido pela Netflix, e primeiro longa-metragem da diretora islandesa Isold Uggadottir.


O longa possui duas protagonistas, uma delas é Làra (Kristín Þóra Haraldsdóttir), uma ex drogada, mãe solteira e que está desempregada. Ela vive em condições precárias na Islândia, e precisa cuidar de seu filho, Eldar (Patrik Nökkvi Pétursson), 8 anos, simpático, ingênuo e meigo. A outra protagonista é Adja (Babetida Sadjo), nativa da Guiné-Bissau que, junto da filha e da irmã, tenta embarcar na Islândia em um vôo para o Canadá.


A História evolui um pouco quando Làra é chamada para um período de experimentação, como policial de aeroporto, abrindo-se uma oportunidade de melhoria, visto a situação em que se encontra. É em seu primeiro treinamento no aeroporto que conhece Adja, que é impedida de embarcar por apresentar documentos falsos ao oficial que está a instruir Làra. Embora o policial fiscal não notasse a falsificação, Làra, sem grandes intenções, o adverte para a irregularidade.


O filme carrega a incerteza de não sabermos ao certo o destino das duas mulheres, nem elas mesmo sabem. Adja é presa por um período mínimo, e quando sai da prisão, precisa aprender a sobreviver naquele território novo. Làra se comove com a situação da imigrante, já que possuem muito em comum; a luta para superar a falta (falta de renda, de compreensão, de compaixão e delicadeza).


O longa possui fotografia crua, em tons frios para retratar a realidade daquele país. Há uso de câmera tremida em alguns momentos, o que acrescenta à obra um aspecto documental. E até a metade do filme, há um paralelo entre as histórias, alternando entre as duas protagonistas.


É perceptível que a diretora não ousa muito, apresenta uma narrativa linear, mas que não dá muitas informações. Uma prova disso é a demora para revelar o nome das personagens, e as informações vão chegando ao espectador de maneira fluida e gradativa, Isold não teve pressa em contar sua história, e talvez ela pareça não evoluir, já que para a autora o importante seria os pequenos gestos da vida cotidiana.

Làra é despejada do apartamento onde morava com seu filho, e passa a dormir com no seu carro velho, enquanto aguarda o resultado do treinamento. E Adja é conduzida a um abrigo para imigrantes com destino incerto. Em encontros breves, Làra evita contato com Adja, que aos poucos percebe a situação da jovem, porém, é através de Eldar que as duas se unem. Adja arruma um lugar para os dois em seu pequeno quarto no abrigo, e a ajuda cuidando do menino enquanto sua mãe vai ao seu treinamento.


Por mais que o filme possua uma atmosfera melancólica, e ritmo lento, a diretora opta por um final positivo, que faz refletir sobre as reviravoltas da vida. De fato o longa faz pensar nas mães, tias, avós e filhas que existem na realidade, mulheres que batalham todos os dias na busca por dias mais amenos. E, quando estas mulheres se encontram, e se identificam, não há mais o que temer, a união é o que as fortalece, e é só questão de tempo para que consigam o que tanto desejam.

Título original: Andið eðlilega

Direção: Ísold Uggadóttir

Ano: 2018

País: Rússia

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