Título Original: Figlia mia | Direção: Laura Bispuri | Ano: 2018 | País: Itália
A maternidade é uma das temáticas mais abordadas no cinema quando se coloca personagens femininos no centro das narrativas. Porém, a cativante obra de Laura Bispuri, Minha filha (2019), se difere de qualquer drama ou melodrama envolvendo
o assunto.
No longa acompanhamos três mulheres, uma delas é Vittoria, menina de quase 10 anos que está dividida entre duas figuras maternas, Tina (Valeria Golino), mulher que lhe criou como filha, e Angélica (Alba Rohrwacher) que a gestou mas não soube lidar com a chegada de uma criança na sua vida.
Além da sua própria auto descoberta no mundo, a garota precisa lidar com questões existenciais acima de sua maturidade, mas não lhe falta bravura nem forças para entender todo o contexto que a envolve.
Já Tina e Angélica vivem seu acordo em segredo, mas cada vez que Vittoria se aproxima da mãe biológica, vão surgindo conflitos entre elas, além dos outros problemas que precisam arcar, como por exemplo a ordem de despejo de Angélica e seus enrolados envolvimentos.
De fato as duas mães são o oposto uma da outra, enquanto Tina é religiosa, trabalhadora e vive a vida em prol da filha, tentando viver de forma reclusa, Angélica é inconsequente, alcoólatra e imatura. Quem é a vilã? Quem é a mocinha? Em nenhum momento a diretora as coloca neste papel, ambas são complexas, hora são amigáveis, hora são más, assim como qualquer ser humano complexo e cheio de melindres.
Diante da belíssima fotografia que ressalta bem a paisagem árida da Sardenha, e da câmera instável que segue as perosnagens, vemos todo o desenrolar da narrativa e nos cativamos com as figuras na tela. Mulheres que só desejam viver a seu modo, e que, por um golpe do destino, enxergam uma na outra rivalidade e salvação.
É notável perceber que Minha filha é um filme de diretora, sobre mulheres que respeita os dilemas e as questões do feminino. Não se trata de uma história de mágoa ou rancor, mas sim de altruísmo e recomeço, pois aqui as duas mães precisam lidar com suas diferenças para que consigam conviver para ver a jovem Vittoria crescer e se construir como mulher no mundo.
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