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O ÚLTIMO AZUL | UMA AVENTURA DE AUTODESCOBERTA

  • Foto do escritor: raianecfferreira
    raianecfferreira
  • 3 de set.
  • 2 min de leitura

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“O Último Azul” traz uma aventura vivida por uma senhora de 77 anos em um universo no qual os idosos são levados para uma colônia habitacional no qual, supostamente, teriam seu descanso até o fim da vida. Porém Tereza não se vê no fim da vida, ela nem sequer realizou seu sonho de voar de avião. É aí que começa a uma curiosa viagem jornada pelos cantos da Amazônia que lhe proporciona a autodescoberta de um eu que ela nem sequer conhecia. 


Como seria a jornada de autodescobrimento de uma senhora de 77 anos em uma sociedade que exclui os idosos? Esta parece ser a premissa deste filme de amadurecimento dirigido por Gabriel Mascaro. Então, nós acompanhamos Tereza. Primeiro ela deseja voar de avião, mas depois ela é conduzida a outras vivências que a proporcionam um senso de liberdade que parece nunca ter tido. E é legal o fato dela encontrar múltiplas pessoas pelo caminho. Algumas a ajudam, outras não. O mais importante são as experiências que ela vive, mesmo na fase da velhice. 

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Ver esse caminho de Tereza é belo. É como se a experiente mulher estivesse, literalmente, aprendendo a conduzir o seu barco por si só, e nisso, reconfigurando sua percepção do mundo e de si mesma. O que ela deseja? A princípio, voar. Mas o desejo não se limita a isso, talvez o que ela realmente bisca é ser livre, ser quem é. E quem não quer isso, não é mesmo? Todos estamos buscando algo, e nem sequer sabemos. Será que precisamos da baba azul mágica do caramujo amazônico para revelar isso? Assim como ela, cada personagem que cruza sua rota parece desejar algo que está coberto pela neblina que circunda a realidade de sobrevivência dessas pessoas.


Por mais que o filme indique um certo futurismo através de elementos como o “cata velho” ou a bíblia em uma lâmina transparente, este traço, a meu ver, deixou a desejar. Apenas temos algumas indicações deste Brasil do filme,  diferente de “Divino amor”, que possui um traços de uma realidade distópica, seja nos espaços, no design de produção e na fotografia destacada pelo neon. Em O último azul, há apenas um sopro deste futuro distópico que reflete uma ideia sobre o Brasil de hoje, que se diluí na narrativa organizada pela transparência, deixando de contar algo além do aparente.


Não se pode negar que temos na tela um filme autenticamente brasileiro, que explora a região do norte do país e que carrega uma marca representativa de produção que são importantes. Afinal, o filme não pode se valer apenas do discurso, ele precisa expressar isso no seu resultado. Mascaro consegue isso em partes, mas ainda deixa a desejar por ficar na superfície, por se apegar demasiadamente em sua história, e sua expressividade não vai muito além do que já está posto. Se compararmos a trabalhos anteriores do diretor, nesse falta o olhar refinado e expressivo que tivemos em “Divino amor”, a força performativa e atrativa de “Boi Neon” e o naturalismo espontâneo de “Ventos de Agosto”.


 
 
 

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