THE OUTRUN | A BUSCA PELA RESSIGNIFICAÇÃO

The Outrun| Dirigido por: Nora Fingscheidt | Ano: 2024 | Duração: 1h 58m

“The Outrun”, dirigido por Nora Fingscheidt, é baseado na autobiografia de Amy Liptrot que narra sua luta contra o alcoolismo. No filme, Saoirse Ronan vive a jornada desafiadora, de altos e baixos, da jornalista contra a dependência, em um filme tocante e sincero sobre ressignificação e amadurecimento. 

O longa acompanha Rona, uma mulher de 29 anos que precisa voltar às Ilhas Órcades, na Escócia, local onde cresceu, após momentos conturbados em Londres ocasionados pela sua dependência do álcool. Sóbria e solitária, ela vive cada dia meio a memórias, arrependimentos, problemas familiares, e precisa ter forças para não ceder a recaídas. 

É muito bom ver como a montagem é utilizada aqui para contar a história. Os momentos do presente de Rona surgem mesclados com os do passado. E isso é feito de forma assertiva e fluida, pois em nenhum momento deixamos de entender os dilemas da protagonista. As elipses temporais só nos aproximam mais dos desafios vividos por ela e de sua complexa humanidade.

A delicadeza dos detalhes, seja uma mecha no cabelo, ou um jantar com a mãe, ou a expressividade do vento em distintos momentos do filme, comunicam muito e colaboram para o entendimento da narrativa. Nada é posto em excesso. 

A trajetória de Rona é conturbada e dolorosa, mas também é bela e cheia de esperança. Os momentos de narração da personagem e sua conexão com a natureza são, de fato, belíssimos e inspiradores, exemplificando sua busca por equilíbrio e ressignificação. E isso parte de uma direção que não subestima o espectador de forma alguma.

“The Outrun” é um daqueles filmes que nos faz querer ser melhor. O grande dilema de Rona, todas as dificuldades que possui para sair de um padrão doentio, nos ensina sobre comportamentos tóxicos que todos nós carregamos, e que, muitas vezes, escondemos de nós mesmos. Olhar para nossas sombras não é fácil. Para a protagonista, o mar parece ser uma fonte de sabedoria. Há de haver dias em que a maré está alta, e as ondas mais fortes, mas logo a tempestade passa e chega a calmaria, e com ela o convite para o mergulho.