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VOCÊ NÃO ESTARÁ SÓ | OS SIGNIFICADOS DE SER HUMANO


Título Original: You Won't Be Alone | ANO: 2022 (Austrália) | Diretor: Goran Stolevski


A experiência cinematográfica pode variar de acordo com o tipo de filme que assistimos. Hoje existem tantas opções disponíveis nos streamings que nos perdemos na escolha do que assistir. Mas há sempre aqueles filmes que descobrimos por acaso e nos desperta o interesse de assistir. Eu tomei conhecimento do filme “Você Não Estará Só (2022)” em 2023. Consegui um link para assistir mas demorei um pouco para de fato assisti-lo. Depois que assisti não consegui tirá-lo da minha mente. E é por isso que decidi falar um pouco neste vídeo sobre essa fascinante obra do diretor Goran Stolevski.


“Você Não Estará Só (2022)” se passa na Macedônia do século 19. A história começa quando uma jovem é sequestrada e depois transformada em uma bruxa por uma feiticeira antiga e vingativa cuja presença assombra aquela região. Nevena é uma moça curiosa e ao sair de sua prisão descobre que pode viver na pele de outras pessoas. Desta forma ela inicia uma jornada de autodescobrimento para entender os significados de ser um humano.


“Você não estará só” é um daqueles filmes impossíveis de serem definidos apenas por seu gênero. Sim, estamos vendo uma obra de terror, mas aqui, o terror vem das mazelas do humano, assim como também aparece nas imagem dos corpos mortos e figuras estranhas daquele contexto. Porém, eu sinto que este longa de Goran Stolevski é um dos mais belos filmes que assisti neste ano de 2023.


Apesar da figura da bruxa como um ser horrendo, oportunista e não civilizado, o ser de Nevena, a jovem moça que já nasceu desgraçada, desconstrói tudo aquilo que a define como bruxa. Ela está mais disposta a viver da maneira mais humana possível, mesmo não sendo classificada como uma. E é através de seus olhos, ou melhor, de seus pensamentos, que nós acompanhamos todas as questões que assombram aquele vilarejo, assim como as suas próprias conclusões sobre a vida e o que há de bom ou ruim nela.

A presença da bruxa Maria causa arrepios pela sua aparência, mas, apesar de toda feiura, existe ali um ser penoso, triste e amargurado pelas maldades que viveu enquanto humana. Ela não se tornou um ser maligno de modo arbitrário. Sua índole não necessariamente está vinculada a essa natureza má como muitos na sua aldeia presumem. Ela só não conseguiu ressignificar sua existência e seguir em frente. E o que é isso, se não ser humano?


Então, estamos falando aqui de uma obra existencialista que aborda as complexas questões humanas perante o mundo. Toda a composição cênica e a maneira de montagem me lembrou os filmes do diretor Terrence Malick. Seja a partir da belíssima construção estética, em planos contemplativos que mostram as belezas das paisagens, dos momentos de amizade e descontração entre as pessoas, ou até mesmo na forma como Nevena experimenta o mundo, muda perante o mundo externo, mas cheia de filosofias internas colocadas para nós através da voz off.


E nisso, não temos aqui apenas um simples filme de bruxa, mas sim uma verdadeira obra de arte que não está interessada em utilizar a famosa figura paranormal, dentro do estereótipo comum. Neste encantador filme, a feiticeira é um ser carregado de magia e mistério, podendo causar medo ou estranhamento, porém, ela mesma pode se revelar tão humana quanto os demais, e que, por essa mesma razão, merecem sim, ser felizes. 


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